#15 - Entrevistas como método de coleta de dados na pesquisa científica

Elaborado por: Daiane Martins
Revisado por: Fernanda Arantes
Publicado em 15/08/2022

Dica 15 No nosso último post, falamos sobre questionários e sua aplicação.  Hoje vamos aprender sobre outro tradicional método de coleta de dados, as entrevistas. Entrevista é um método que envolve a conversação entre duas pessoas, sendo o pesquisador o entrevistador, responsável por guiar os questionamentos que serão respondidos pelo pesquisado, o entrevistado.¹ Assim como a survey, método já apresentado aqui no blog, o propósito da entrevista também é alcançar informações necessárias para o desenvolvimento de um estudo científico empírico.² Por isso, para aplicá-la , o pesquisador precisa partir de estratégias previamente definidas, ou seja, primeiro, é importante especificar o que se pretende alcançar, com base nos objetivos do estudo, e, segundo, escolher o formato mais adequado.¹

 

Existem tipos diferentes de entrevista e, para cada um deles, instrumentos específicos (roteiros) poderão ser construídos para apoiar a coleta de dados. Sabendo disso, vamos entender como é a construção de uma entrevista para a pesquisa científica. 

Construção

Sobre especificar o que se pretende alcançar, estamos nos referindo à importância de elaborar um roteiro de entrevista que tenha relação com o problema de pesquisa. Sabe o que isso significa? Que os objetivos definidos no seu estudo não podem ser declarados de forma ampla, mas específica.¹ Outro ponto, quando estiver formulando as perguntas que deseja aplicar na entrevista, faça algumas reflexões:¹

a) os aspectos inseridos nas perguntas são realmente importantes e permitem alcançar os objetivos?
b) as perguntas formuladas estão sugerindo respostas? 
c) as perguntas podem provocar algum constrangimento? 
d) são utilizados termos nas perguntas que podem atrapalhar a compreensão? 

Esses aspectos, entre outros, como, apresentar no instrumento uma introdução com breve apresentação do objetivo da pesquisa e descrever as instruções sobre como será conduzida a entrevista, são cuidados similares ao de um questionário de pesquisa científica, conforme apresentado no nosso último post “Construção, validação e aplicação de questionário”.

Mas algo particular do roteiro de entrevista é que ele pode assumir diferentes formatos, o que o torna mais flexível e pode variar de acordo com o que o pesquisador pretende alcançar. Confira alguns formatos:²

Roteiro de entrevista estruturada: o roteiro para a entrevista estruturada é previamente estabelecido. Para esse tipo de entrevista, o pesquisador precisará segui-lo, fazendo questionamentos predeterminados ao entrevistado, sem a possibilidade de alteração das perguntas. 
Roteiro de entrevista semiestruturada: neste formato, o entrevistador se guia por um roteiro, também previamente definido, mas possui a liberdade de inserção ou alteração de questionamentos, conforme perceber a necessidade durante a conversação. Claro, desde que esteja dentro do assunto da pesquisa.
Entrevista livre ou aberta (não estruturada): para uma entrevista livre não existe roteiro. Há uma maior liberdade na condução e esse formato permite que o pesquisador explore mais determinadas questões. Normalmente, são perguntas abertas com o formato de conversação mais informal, mas sempre dentro de um assunto específico. 

Testagem 

Não podemos esquecer: todo instrumento de pesquisa precisa passar pela fase de pré-teste. É a partir desse teste, uma aplicação preliminar do roteiro, que o instrumento estará validado para que aconteça a fase de levantamento de dados. Concordamos que ir a campo pode gerar uma maior curiosidade, afinal, é o momento de entrar em contato com o universo da sua pesquisa. Porém, não pule etapas! A função do pré-teste é garantir que o pesquisador mensure, de forma mais assertiva, o que busca analisar. Ou seja, uma avaliação do seu instrumento de coleta.¹

Aplicação

Testou o instrumento? Fez os ajustes necessários? Se testou, agora sim poderá ir a campo realizar as entrevistas. Primeiro ponto, neste tipo de coleta, diferentemente da survey, o pesquisador estará sempre presente, o que é um aspecto positivo, pois poderá auxiliar o entrevistado nas possíveis dúvidas que ele tiver sobre a pesquisa. Por outro lado, tome os devidos cuidados na condução para não inibi-lo ou constrangê-lo.

Outros aspectos importantes:²

  • antes de mesmo do pré-teste é preciso obter a aprovação do Comitê de Ética de sua instituição para a realização do estudo;
  • inicie a entrevista proporcionando um ambiente que estimule o entrevistado, de forma que ele se sinta à vontade. Assim, poderá falar mais naturalmente;
  • explique qual a finalidade da pesquisa;
  • preze pela confiança do entrevistado;
  • certifique as condições de registro das respostas. Nesse tipo de levantamento recomenda-se o uso de gravadores (se o entrevistado autorizar) como forma de registro, buscando manter a veracidade no que o informante está declarando;
  • finalize a entrevista como começou, mantendo o ambiente agradável do início ao fim. 

Para encerrar, não se esqueça que, antes de tudo é preciso ter o consentimento do entrevistado para a realização da entrevista, como será registrada, para o que será utilizada e como as informações serão compartilhadas. 

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Nota:

Fontes das informações apresentadas
¹Gil, A. C. (2022). Como elaborar projetos de pesquisa (7a ed). São Paulo: Atlas.
²Lakatos, E. M. (2021). Técnicas de Pesquisa (9a ed). São Paulo: Atlas.